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Incrível Mãe

Recentemente, comecei a ler Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus.

Nas primeiras cinquenta páginas a autora nos apresenta não apenas um relato cru da miséria, mas um testemunho poderoso de amor materno. Em meio à fome, ao preconceito e à solidão, ela ergue-se como uma figura de resistência, dedicando cada gota de sua força para garantir o mínimo aos seus filhos. Carolina não era apenas uma mãe; era a força que mantinha sua família de pé em um mundo que parecia determinado a derrubá-la.

Eu me identifiquei muito com sua história, pois, minha mãe também teve três filhos (eu e meus dois irmãos) e os criou praticamente sozinha, pois, infelizmente a figura do meu pai não era presente e relevante para nossas vidas. Além disso, Dona Janete, minha mãe, assim como Carolina, sempre trabalhou exaustivamente para que embora, a pobreza estivesse sempre presente, nós nunca passássemos fome, graças a sua dedicação e amor para conosco.

Os dias de Carolina Maria de Jesus eram marcados por caminhadas exaustivas em busca de restos de comida, noites em vigília contra a violência da favela e a humilhação constante de ser tratada como invisível. Mesmo assim, ela registrava em seu diário não apenas a dor, mas também os pequenos gestos de afeto pelos filhos: um pedaço de pão dividido, uma palavra de consolo, a promessa de um futuro melhor através da educação. Carolina sabia que sua presença era o esteio que impedia seus filhos de desmoronar.

Que possamos honrar todas as mães que, escrevem histórias de resistência nas páginas invisíveis do cotidiano. Assim como Carolina, Dona Janete e tantas outras que ainda constroem um mundo possível dentro do impossível, todos os dias, com as próprias mãos.

Feliz Dia das Mães!

Texto e arte de Roberto Raposa.

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